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DESABAFO

Sinto hoje uma necessidade incontrolável de escrever. Um ímpeto em desabafar. Com o tempo aprendi que até pra desabafar é preciso sabedoria. E faze-lo para qualquer pessoa, por mais próxima e confiável que lhe pareça, nem sempre é uma boa ideia. Não consigo ficar ao seu lado com tantas reclamações Se o dia está nublado: Ah tudo cheira a mofo Se o dia está ensolarado: O calor não lhe deixa trabalhar Se faz frio, é os dedos que lhe doem Se faz calor, cadê o frio de outro dia? Se seus clientes lhe ligam sem parar, não aguentas o toque insistente do telefone Se não ligam, não sabe como paga as contas exorbitantes que adquire Reclama que está cansado Que não faz nada de diferente aos fins de semana Mas se tem uma reunião em família, reclama que quer ficar em casa Se vai, se põe a reclamar que eu não fico próxima a ti Mas se fico, reclama de tudo ao seu redor Reclama da minha família E reclama da sua também Nada lhe parece bem, Nada lhe é suficiente

Casulo

Se fecha qual casulo Fraco qual caco Um mundo de gelatina Uma muralha de areia Educação seletiva Pro restante emburração Sob prisma de sinceridade Não se importa com o mais próximo Se espera compreensão Aqui não encontra não Fraco qual caco Mole igual gelatina Muralha de areia